Modelo... - M.

Eu ainda lembro da nossa primeira conversa. Você disse que escrevia poesia. Será que você imaginava que se tornaria uma das minhas depois do nosso fim? Eu te achava o cara mais interessante do mundo, suas mil histórias, seu jeito de sorrir de garoto do interior. Eu achava que você também tinha se interessado por mim, talvez no começo, até as histórias acabarem e o sorriso sumir. Eu te deixei entrar na minha casa e dormir na minha cama, mas o que me matou foi ter te deixado entrar no meu coração. Eu tinha jurado para mim mesma que não iria passar por tudo isso de novo, que se fosse deixar alguém entrar na minha vida, seria alguém diferente e você era igual a todos eles. As pessoas te veneram, te adoram, te acham bonito e tem dias em que eu acho que você vive da fama e da beleza. Eu queria que você soubesse que eu te achava muito mais bonito por dentro, que eu achava o teu coração lindo e que pra mim nunca importou se você era famoso ou não. Quando você me ouvia eu me sentia a garota mais incrível do planeta, você me ouvia como ninguém nunca ouviu. Até que deixou de ouvir, deixou de vir e simplesmente deixou a gente pra lá. Eu olho o seu lugar na cama e penso em como eu pude te deixar entrar só pra te ver fugindo no meio da noite. As memórias bonitas são as que mais machucam, pensar em como eu estava feliz achando que você era o cara certo pra mim. Eu queria esquecer todas as nossas conversas de madrugada, todas as vezes que eu te via dormindo e me sentia a mulher mais sortuda do mundo. É, olhando agora, modelo, você era perfeito demais pra ser verdade. E eu acreditei.

Mariana Siqueira