O (des)Amor em Poesia

"Nos nossos últimos dias juntos você vivia reclamando de dor de cabeça, dizia que não estava dormindo bem. Será que sua mente te atormentava como a minha me atormenta? Você me pediu um remédio pra dor, mas eu não gosto de anestesiar a dor, parece uma metáfora sobre ser forte, mas é a verdade. Eu acredito que algumas dores precisam ser sentidas, assim como eu precisei deixar você entrar na minha vida. Eu então comprei um remédio pra você, poucos dias antes de você dizer que a gente não daria certo e que você não queria mais tentar. Não, eu não anestesio as minhas dores, nem as de cabeça, nem as que você me trouxe. A cartela está aqui na minha gaveta e você ainda está aqui dentro de mim. "Eu espero que esteja bem.." você me escreveu hoje. Me dói pensar em você, dói muito. Mas eu sou forte, vai passar." Mariana Siqueira 

Estávamos numa festa e você tinha ido ao banheiro. Eu continuei dançando e você chegou por trás e me abraçou quando voltou. Eu segurei suas mãos e te abracei de volta sem precisar me virar. Você perguntou: "e se não fosse eu?" Eu ri e disse que te reconheceria em qualquer lugar. E se não fosse você me abraçando? Será que estaria doendo desse jeito? Você foi e não vai voltar, mas eu ainda te reconheceria em qualquer lugar. Mariana Siqueira

Lembra que no nosso primeiro encontro você chegou atrasado? Eu quase fui embora, mas decidi te esperar porque eu queria muito te conhecer. E agora, depois de todas as coisas que vivemos, você foi embora e eu continuo te esperando. Eu devia ter ido embora naquele dia, assim não seria tão difícil ir embora agora. Mariana Siqueira

Eu tenho essa caixinha de música, presente de outra vida, uma vida antes de você. Ela toca a melodia de Somewhere Over The Rainbow . Era uma das suas músicas favoritas, você me pedia para colocar toda vez que estava aqui, me abraçando, dormindo ao meu lado. Eu choro toda vez que ouço. E essa caixinha de música era a primeira coisa que você pegava quando vinha me ver. Você a pegava, antes de pegar a minha mão, eu devia saber. Você ouvia e ouvia e ouvia a melodia como se fosse uma criança, como se estivesse ouvindo pela primeira vez. E eu te amava e amava e amava, como se estivéssemos mesmo em sintonia. E quando eu me mudei, a primeira coisa que você notou foi onde eu a coloquei. De tudo o que eu tinha, aquela caixinha era o que mais chamava a sua atenção. Eu nunca consegui te fazer rir como aquela melodia fazia. E quando você parou de vir, eu não quis mexer na caixinha, ela esperou por você como eu esperei. Eu não queria ouvir o som, não queria olhar para ela. Eu queria ouvir a sua voz ...

Você vive a vida como se fosse aquele jogo que passamos horas jogando. Tanto faz, é só uma partida. Não sou eu o amor da sua vida. Se você perder, é só escolher outro personagem e recomeçar.  Talvez seja como você se sente sobre mim. Acontece que eu escolhi você, mesmo sabendo que eu iria perder.  Escolhi você mesmo depois de todas as vezes em que eu quis te ver, mesmo depois de todas as declarações que você lamentou não saber responder.  Eu sabia que não deveria te pedir pra me amar quando tudo o que você sabia era jogar. Você ainda é o meu personagem favorito, sabe? O player dois que me dá suporte, mesmo me fazendo perder, você me traz sorte.  Vamos jogar outra vez? Eu prometo que aprendo a perder. O jogo e você. Mariana Siqueira

"Pra quê tanta água? Vai fazer café pra nós dois?" - você perguntava. Eu sempre exagerei. Sempre colocava mais água do que era preciso. Mais amor do que era pedido. "É melhor sobrar do que faltar." - eu respondia. Faltou amor e sobrou água. E agora eu tomo café sozinha. Você estava certo, era água demais. Mariana Siqueira